Sem pagamento

Educadores de abrigos do Rio reclamam de salários atrasados

Mais de 100 profissionais estão sem receber

Educadores em frente à Prefeitura do Rio para cobrar uma solução
Educadores em frente à Prefeitura do Rio para cobrar uma solução |  Foto: Marcelo Tavares
  

Mais de 100 educadores que trabalham em abrigos da Prefeitura do Rio reclamam que estão estão há dois meses com os salários atrasados. Além disso, alguns funcionários relatam que estão tendo que pedir dinheiro emprestado e outros usam a bicicleta para chegar aos locais de trabalho. Nesta terça (20), eles promoveram um ato em frente à Prefeitura para cobrar soluções para o caso. 

"Estamos há dois meses sem receber, sem tirar férias. A maioria dos educadores só não cruzam os braços em respeito às crianças e aos adolescentes do nosso Brasil, principalmente as crianças que estão no abrigo porque são crianças acolhidas. A nossa rotina no abrigo é 24h", disse o educador Aroldo Nascimento, de 50 anos, do abrigo Ana Carolina, em Laranjeiras.

Segundo Aroldo, atualmente, quem faz os repasses é o Espaço Cidadania e Oportunidades Sociais (Ecos), que há um ano assumiu a gestão. De acordo com os trabalhadores, os responsáveis pela empresa alegam que a prefeitura não está fazendo o repasse dos valores. 

"Infelizmente a Ecos é uma firma que não paga. Todas as firmas referentes aos abrigos da prefeitura sempre estão pagando direito, mas a Ecos infelizmente entrou, estamos pedindo que essa firma saia do sistema da prefeitura e que nosso prefeito venha colocar uma firma melhor", disse.

Muitos funcionários já estão sem dinheiro de passagens para irem aos locais de trabalho. Alguns vão de bicicleta para os abrigos, como é o caso do educador Jayme Oscar, de 67 anos, que trabalha no URS Lucinha Araújo, na Tijuca. 

"Queremos respeito e consideração. O pilar do abrigo é o educador social. 90% do sistema está na mão do educador social. Ele está 24 horas por dia com as crianças, adolescentes e idosos. É ele quem cuida e carrega o piano nas costas e é quem menos recebe consideração", contou.

Jayme conta que usa a bicicleta porque diz que não tem mais dinheiro
Jayme conta que usa a bicicleta porque diz que não tem mais dinheiro |  Foto: Marcelo Tavares
  

Os funcionários contaram que atendem crianças e adolescentes de diferentes idades. Muitas delas são especiais deficientes e com HIV. 

O Abrigo Lucinha Araújo marcou o fim do antigo modelo de institucionalização infantojuvenil com desativação da unidade Ayrton Senna. O abrigo tem capacidade para acolher 20 menores e prioriza grupos de irmãos. O nome da instituição é uma homenagem à mãe de Cazuza.

O abrigo Ana Carolina tem 20 vagas para a chamada primeiríssima infância (de zero a 3 anos), e a Bia Bedran oferece 13, para crianças de 4 a 8 anos.

Procurada, a Prefeitura do Rio ainda não havia se pronunciado até a publicação desta reportagem.

Já a Espaço, Cidadania e Oportunidades Sociais informou, em nota, que "a Secretaria de Assistência Social do Rio permanece em constantes atrasos de repasses financeiros desde novembro de 2022, no entanto a ECOS tem mantido o funcionamento dos abrigos e o salário dos colaboradores com recursos próprios cumprindo suas obrigações contratuais. Há 14 dias de atrasos salariais de funcionários, e a previsão que, amanhã (quarta), serão efetuados os pagamentos, mesmo a Secretaria não tendo efetuado nenhum repasse à organização social há cerca de cinco meses".

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